No dia 26 de junho, celebramos o Dia Internacional do Combate às Drogas, uma ocasião importante para refletir sobre os desafios enfrentados pela sociedade em relação ao uso e abuso de substâncias psicoativas. A prevenção ao uso de drogas desempenha um papel fundamental na proteção da saúde e do bem-estar de indivíduos e comunidades. É um momento oportuno para reforçar nossa determinação em educar, conscientizar e promover escolhas saudáveis, a fim de construir um futuro livre de dependência.
As drogas são substâncias químicas que alteram o funcionamento do cérebro, afetando o humor, a capacidade de raciocínio e o comportamento. Essas substâncias podem variar desde drogas ilícitas, como cocaína e maconha, às lícitas, como medicamentos prescritos usados de maneira inadequada, além do tabaco e do álcool – este último consumido livremente em diferentes contextos sociais e culturais. Os problemas relacionados ao uso nocivo e à dependência química são uma realidade preocupante, e podem levar a sérias consequências para a saúde física, mental e social.
Um dos pilares fundamentais na prevenção ao uso de drogas é a educação e a disseminação de informações precisas. Os modelos preventivos mais relevantes atualmente trabalham com a ideia de redução dos fatores de risco e aumento dos fatores de proteção. Muitos dos fatores que aumentam o grau de vulnerabilidade para o uso de drogas estão relacionados, por exemplo, à idade – crianças e jovens estão na linha de frente para os trabalhos preventivos.
A prevenção ao uso de drogas não se trata apenas de alertar sobre os perigos, mas também de fortalecer fatores de proteção em nossa sociedade. O comportamento de risco é resultado da combinação de vários fatores. Por isso, uma perspectiva ampla de prevenção deve combinar a promoção da saúde com a redução de danos. Existem três tipos principais de prevenção: universal, seletiva e indicada. Cada um desses tipos tem como objetivo alcançar diferentes grupos populacionais e estágios de risco em relação ao uso de substâncias. Veja a definição de cada um:
Prevenção Universal: visa alcançar a população em geral, sem focar em grupos específicos considerados de maior risco. Seu objetivo é fornecer informações e estratégias de prevenção para o público em geral, com o objetivo de evitar o uso de drogas e promover comportamentos saudáveis. É implementada em escolas, comunidades e ambientes de trabalho, por intermédio de programas de educação, campanhas de conscientização, promoção de estilos de vida saudáveis e fortalecimento de habilidades de resistência à pressão dos pares.
Prevenção Seletiva: tem como alvo grupos populacionais específicos que apresentam fatores de risco mais elevados para o uso de drogas, como adolescentes com problemas comportamentais, baixo desempenho escolar, histórico familiar de dependência química ou outras condições de vulnerabilidade. As estratégias de prevenção seletiva são projetadas para atender às necessidades desses grupos específicos e fornecer suporte adicional, como intervenções direcionadas, programas de habilidades sociais, aconselhamento individual ou em grupo e envolvimento da família.
Prevenção Indicada: é direcionada a indivíduos que já estão em risco ou apresentam sinais iniciais de uso problemático de drogas. Essas pessoas podem ter experimentado o uso de substâncias, mas ainda não atenderam aos critérios completos para o diagnóstico de dependência química. A prevenção indicada visa intervir precocemente para evitar a progressão para a dependência. As estratégias incluem a triagem de risco, avaliação individualizada, intervenções breves, encaminhamento para serviços de tratamento especializados e apoio contínuo.
É importante ressaltar que esses tipos de prevenção não são mutuamente exclusivos e podem se complementar. Uma abordagem eficaz de prevenção do uso nocivo e da dependência geralmente envolve uma combinação de estratégias universais, seletivas e indicadas, adaptadas às características e necessidades da população-alvo. Isso permite uma intervenção abrangente em diferentes estágios de risco e contribui para a promoção de comportamentos saudáveis e a redução do uso problemático de substâncias.
Exemplos de ações de prevenção pelo olhar das empresas nos três níveis:
Universal | Seletiva | Indicada |
- Implantar Política de Atenção e Prevenção de álcool e outras drogas no ambiente de trabalho. Com foco na segurança e saúde mental do trabalhador. | - Fazer Exame Toxicológico de Substância Psicoativa (ETSP) na área de maior risco da empresa e levar à conscientização sobre a importância da segurança subjetiva do empregado trabalhando sem efeito da droga. | - Encaminhar e orientar para tratamento especializado, de acordo com a política implantada, nos casos em que o exame der positivo. |
Além de enfatizar os riscos e os perigos das drogas na Política de Atenção e Prevenção de Álcool e outras Drogas no ambiente de trabalho, é essencial promover estilos de vida saudáveis como alternativa. Isso inclui incentivar a prática de exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, sono adequado e o desenvolvimento de hobbies e interesses construtivos. Quanto mais preenchidas estiverem as vidas das pessoas com atividades positivas e significativas, menos espaço haverá para a tentação e a influência negativa das drogas.
O combate às drogas e à dependência química é um desafio complexo e multifacetado, que requer uma abordagem abrangente e integrada. Neste Dia Internacional de Combate às Drogas, reafirmamos nosso compromisso em trabalhar juntos para prevenir o uso de drogas e construir um futuro saudável, seguro e livre dos problemas relacionados ao álcool e outras drogas. Por intermédio da educação, da disseminação de informações precisas, do fortalecimento de fatores de proteção e da promoção de estilos de vida saudáveis estamos capacitando as pessoas a fazerem escolhas conscientes e a construírem uma sociedade mais resistente e resiliente. A prevenção é o melhor caminho para um futuro mais seguro e livre do impacto devastador das drogas.
Selene Franco Barreto, Psicóloga Evolução Clínica e Consultoria.
Andréia Amaral, Assessora de Projetos Educativos da Evolução Clínica e Consultoria.
Referências: BARRETO, Selene Franco; PINTO, Luiz Guilherme da Rocha. Dependência química: uma história a se tratar. Rio de Janeiro: Medbook, 2022. ESCRITÓRIO das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Normas internacionais sobre a prevenção do uso de drogas. 2013. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/lpobrazil/noticias/2013/09/UNODC_Normas_Internacionais_PREVENCAO_portugues.pdf. Acesso em: 25 jun. 2023
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