Dia Mundial de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF)
09 de Setembro
É importante salientar que o dia 9 de setembro passou a figurar na agenda de campanhas de Saúde Pública da OMS/ONU como das mais recentes e inovadoras ações de prevenção de um sério problema de saúde materno-infantil que é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Em grande parte dos países, onde o elevado nível de consumo de bebidas alcoólicas representa uma grave questão de saúde pública, individual e coletiva, o alcoolismo responde por elevados gastos diretos ou indiretos, sendo que no Brasil isso equivaleria a cerca de 5% do nosso PIB, ou seja, mais de 250 bilhões de reais. Pesa ainda, o fato de sermos um dos maiores produtores mundiais de bebidas alcoólicas, depois da China e dos EUA, tanto de destiladas (cachaça, vodka, uísque, etc.,) quanto de fermentadas (cerveja e vinho). O nível de consumo, por consequência, é também dos mais elevados. Como agravante, vale mencionar que no Brasil, por incrível que pareça, a cerveja escapa da limitação de publicidade para bebidas alcoólicas no horário comercial como o cigarro, contrariando a Lei 9/294/1996. Neste sentido fica no imaginário que a cerveja sendo de teor alcoólico de 5%, seria uma bebida “fraca”.
Com esse falso argumento, passa-se ideia de que poderá ser consumida sem maiores problemas, sobretudo por jovens e mulheres, principais segmentos alvos das campanhas que resultaram no espantoso aumento de produção nos últimos dez anos: crescimento de 100% de produção da indústria de cerveja. Portanto, como se pode constatar, as mulheres grávidas, parte dessa população de risco, são expostas a banalização do consumo de bebidas alcoólicas, principalmente de cerveja por ser considerada (falsamente!) como “leve”, colocando a saúde da criança em grave situação de risco. Justifica-se, deste modo, o dia 9/9, como Dia Mundial de Prevenção da SAF.
Em países como França, Canadá, EUA, entre outros, esta condição é considerada como questão de saúde pública e merece relevante atenção como política de governo. No Brasil, infelizmente, em face das mazelas da Assistência da Rede Pública, carecemos de iniciativas efetivas de prevenção da SAF. Causa de diversas malformações (cerebrais, cardíacas, e renais, etc.), baixo peso e altura, estima-se que a cada hora nasçam cerca de 3 a 4 crianças portadoras de SAF no Brasil, ou seja, mais de 40 mil crianças/ano com deficiências orgânicas e cognitivas decorrentes do consumo de álcool durante a gravidez.
Os gastos com os cuidados médico-sociais e de reabilitação dessas crianças e adolescentes, são de milhões de reais que poderiam ser significantemente, reduzidos com estratégias de prevenção. Não há dúvidas, portanto, da relevância da celebração desse dia, 9/9, com objetivo de chamar a atenção para essa grave questão de saúde materno-infantil que, ao mesmo tempo, é relativamente, fácil de prevenir: sem consumo de álcool na gravidez, não existe SAF! "Fácil assim", como se diz. A grande dificuldade resume-se na ausência de informações, de prevenção e de ações efetivas de conscientização de toda a Sociedade, além dos profissionais que tratam da saúde materno-infantil, sobretudo, dos que trabalham nos serviços de pré-natal e Maternidades públicas e privadas da Rede de Assistência Básica.
Aproveitamos para celebrar esse dia, 9/9, ao estabelecer a semana de 9 a 15 de setembro, como "Semana de Prevenção da SAF, 9 a 15/9" (SAFBrasil), considerando que há mais de dez anos temos desenvolvido iniciativas de prevenção, primária e secundária, em diversos municípios, abrangendo a segunda semana de setembro, inclusive colaborando na confecção de leis municipais pertinentes como subsídios legislativos para implantação desses programas pelas Prefeituras locais. Mesmo em outros períodos do ano, temos conhecimento de outras iniciativas semelhantes no nível municipal, apesar de não haver ainda efetiva lei no nível federal.
Por fim, seguindo as recomendações da ONU/OMS, temos todos nós o compromisso e o dever de nos engajarmos na “Campanha Mundial de Prevenção da SAF” (ONU/OMS, não só neste dia 9/9, mais todos os dias do ano, não só nos serviços de Pré-Natal ou Maternidades, mas em todos os espaços possíveis, afim de tentar reduzir a elevada incidência dessa condição tão óbvia e evitável que é a SAF, mormente, no Brasil pelas considerações acima mencionadas.
E lembre-se: Organização Mundial da Saúde (OMS) é inflexível: a recomendação é de nenhuma ingestão de álcool durante a gravidez.
“Se beber não engravide, se engravidar, não beba”- (SAF Brasil).
Atenciosamente,
Dr. José Mauro Braz de Lima, PhD